quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Conversa de A sem B, mas como se houvesse.


-Tem dias que quase sento e choro,
É de tanta urgência, você me entende?
...
- Se você for parar pra rever toda a história, tá lá, ela...
- Se for ver como um filme deles... Lá atrás do mocinho, do bandido, das aventuras dos meninos... Ela!
...
- Chega a dar uma tremida nos ossos, só de pensar...
- Cê já sentiu isso de tremer os ossos? ...
- Pois é!
...
- Parece até fantasma ("Deus me livre")...
- Tá lá, como se não fizesse sentido, nem sentisse...
...
- Se fosse quadrinho, seria um indivíduo mudo, personagem só traçado no fundo, pra simular multidão...
- Ah, isso me dá um aperto no coração...
- Não dá em você não?
...
- Acho que não existe nada pior que não permitir que se conte uma história, pra fingir que ela não existe.
- Essa coisa toda de anonimato forçado me deixa triste... Depois é tão difícil de reverter, se fazer ver, ter voz, parar de pedir licença pra passar pelo corredor do "ser" , imagine você... Nessa situação...
...
- Sei lá, depois também tá ali como se fosse só pra criar mais meninos pra se aventurar, como se também não gostasse de aventuras, e olha que nem levo a palavra no mundano, afinal eles dizem por ai, que viver é uma aventura...
- É bem isso, as vezes é tratada como o que não vive, passa pela vida, sobrevive.
...
- Depois tem que lidar ainda com aquela rapaziada, que fica parada nas escadas da vida, fazendo alvoroço quando ela passa, lembrando ainda nesse século como ela é objetificada.. Nessa parte eu fico bem enojada mesmo, sabe como?
- É pior que ver um coletivo de barata, isso que nunca vi, mas só de pensar também dá um embrulhada líquida, bem na "boca do estômago"... Sabe como?
- Bem isso um nojo.
...
- Dai eu tô vendo agora, muitas delas avançado, se enxergando, se unindo, sorrindo e sendo mais sérias, naquilo que lhes interessa...
- Vejo elas desistindo da competição pelo papel moldado, vejo elas saindo dos moldes, e você vem falar que eu não me exalte, que eu não demonstre excitação?
....
- Eu quero parar de tremer os ossos, de mendigar espaço, de silenciar meus anseios, de levar injustiça pra casa... Eu tô aqui conversando com você a horas, conversas sem conservadorismo, essas que você diz que adora... E será que em nenhum momento você repara, que nessa história, eu também sou ela?

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