sábado, 17 de dezembro de 2016

Minha hipocrisia se desnuda
envergonhada, na tua cama.
Fazem uns tempos que já sei, que só sei fazer amor,
e o desdenho como uma apaixonada pelo errante.
Por isso escrevo poemas.

Por todas as vezes que me pego no pulo,
mas não consigo com meu peso.
Vou ao chão, meu já tão conhecido.

Não me olhe por tanto tempo,
nessa lua que míngua.

(Apostamos com dados viciados.)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

o labirinto

Entrei num labirinto desconhecido,
bonito que é uma coisa.
Tô tranquila que trouxe lanche pr´uns três dias,
no terceiro dia, cedinho já...
começo a procurar a saída,
ou lugar pra plantar.

Meus planos só mudam de labirinto.

Novato

Não me estranha, que estranhes
que minha avó seja a melhor pessoa para conversar
sobre os livros em comum que já lemos.
Tu tem a pressa de um novato em qualquer coisa.
Até quando massageia as minhas pernas.
E aqui não foi assim
com tanta rasgação de seda azul,
tanto gomo, tantos dedos
foi com um sempre riste,
no meio da testa,
das pernas,
das tetas.
um riso de malícia,
um desdém,
um apossar-se
uma cadeira puxada é pagamento
pra não dizer que tomou á força,
pro julgamento na posteridade.
Aqui é na trovoada,
na pexeira,
no murro, na ponta de faca.
É cravado na clavícula do psicológico,
é ameaça de tirar as crias,
de infernizar a vida,
tudo em nome do amor.
Aqui é na base da quebradeira,
da pancadaria.
"Faz lá meu ovos bem mexidos, e do pão uma fatia"
É na base dos princípios do príncipe.
Aqui a lei que te tira pra loqui,
nos joga mais pro descarte.
Cê qué se fazer de
" trataram como casca a minha banana"
Teu ego fétido se inflama.
Eu quero mais que te traia a braguilha.

A bomba

A bomba está armada.
quem que armou?
Apontada pra tua cara,
que sempre lhe foi cara.
E quando explode não sobra nem
a tua camisa engomada,
pela dona Amália,
a pobre louca,
a tapete.
Nem teu topete,
pra contar a história
mentirosa
do teu heroísmo.
E agora "Deus nos dá a mão"
Cheia de anéis de ouro.
Da inquisição
Do holocausto
Da escravidão.
Nem em nome do teu pai.
Nem pelo teu desdém ao teu filho.
A bomba sopra como um espírito,
na tua face de santo.
Estoura também teu pau oco.
Matou então, no meio do passeio público,
a sangue frio...
Todos os sentimentos,
que não ouviram
" pro chão".
Porque não aceitou a morte natural
daquele que já adoecia lentamente.
Alegou legítima defesa.
E eu que fui presa.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Não sei quantos sambas,
deitada nesse mesmo quarto,
já te dancei á sala.
Daqui, me entreguei aos teus quadris, descalça.
E na cuíca meu pescoço passou a receptáculo de beijos,
e nos tambores teu sorver.
E vide em versos.
Cabelo solto na tua mão.
poros á postos,
paredes que evitam o chão.
E eu fico tão nervosa quando cá estou,
que pareço ter dois pés esquerdos.
Até parece que és a primeira,
que me chamou pra dançar.

sábado, 3 de dezembro de 2016

Vênus

É Vênus que aparece ali, não vamos confundir com estrela.
Já confundimos tanto...
O mundo barulha, insistente na negação.
Tipo a morte, mas mais leve se não pararmos o olhar.
É a leveza que deu pra amontoar coisas,
e quando partiu nem aguentou tudo nos braços.
Disse abanando um lenço, que manda alguém pegar o resto.
Temo campainhas.
Nunca levei jeito pra zen.
Yoga me doí o ciático, meditar me dá tonturas,
talvez eu tenha que pagar com juros, saldo negativo, o excesso de amor que consumi,
vezes que espalhei litros dele pela casa, e dei festa bundalelê,
cheio de rostos escarlates-embriagados, que vomitaram no assoalho,
e sequer se despediram ao sair costurando a rua.
Falei que Gal não, ontem ainda...
Eles me tomaram por insensível, veja só, logo eu.
É Vênus sim, mas ela não flerta de volta.

calosidade

Meu sapato batido,
deu pra dobrar a língua,
e lamber o meio dos meus dedinhos tortos dos pés.
O mais próximo de afeto recíproco,
desses dias que já não conto mais
Na confissão, ninguém fala mal de ninguém, por mal.
É que as trinta virgens-marias doem quando são em penitência.
Pai nosso é quase um olho no rosário, olhando no fundo do teu olho culpabilizado,
por ele mesmo, claro.
Tá escrito lá no livro.
No mesmo que diz que só ele grandioso olho, é quem pode te julgar, e a fulaninha também,
aquela biscate que abriu as pernas e agora não quer ter.
Tua irmã.
Tá lá nos registros do livro.
A assassina cruel do teu irmão mais novo.
Aquele pobre coitadinho, de três meses.
Que tu não convidaria pro jantar de natal,
ainda que o olho de gente dele,
te contasse histórias de fome pisca-pisca,
Ou de tristeza de chester recheado.
Ou vice-versa
Você não convidaria
porque bem, ele não é da sua família.
Mas pegou o nome de um filho-da-pobre qualquer,
lá na árvore do Shopping-Multi-Center-wow, da beira mar.
Vou dar um brinquedinho pro infelizinho,
ficar feliz.
Na confissão ninguém fala mal de ninguém por mal.
É sempre pelo bem da (primeira) pessoa, que se confessa.
Diante dos olhos enormes.
Esperou me encontrar sôfrega mas taciturna.
Juntando ainda, as chepas não totalmente fumadas
dos seus cigarros adocicados,
fina de olhos compridos, como se acordada pelo estômago em fome,
de uma noite febril.
Me procurou suando frio, esperando que eu ainda precisasse que tu,
mais alto, acendesse as lamparinas da noite escura.
Me esperou passar lânguida pela janela que dava pra rua,
com o semblante de uma mulher que era pra ser tua.

Não me viu. . .

Mas eu te vi passar recitando velhos poemas,
espalmado as paredes do passado.
Mais um pobre homem preso,
na sua figura de coitado.
Valentina nessa época do ano
mais propriamente em certas luas
como a de hoje...
Sente calorões que a fazem rolar no chão.
se arranha toda...
Ontem achei até bigode de gato pela cama.
Se tira pedaços, a bichana.
Dizem que se o gato é diferente do dono,
é roubado.
Ainda lembro do dia que ganhei ela.
Ela falou que tudo
na ponta da minha língua
virava poesia.
E eu esperando
que ela se tornasse então
uma na minha letra.
Escrita num dia de chuva,
tipo hoje.
Quem sabe se eu descrever os teus fluídos
no escorrer em minha boca...
Eu deixe de ser essa poeta medíocre.
Venha e me prove do seu altruísmo.
Se não der certo, vai dar arte.
Teu estado não se move.

viscosa

Essa languidão amanhecida nas pernas
acompanhada á essa rubrica crivada na minha intimidade
ainda latente, crepitante.
Recorrente desse mesmo estado,
de ontem a noite.
Perco ônibus como uma perdida.
Eu que já fui associada á britânica por uma firula
de estar lá no momento combinado.
Tenho mantido o estado de bagunçada,
que me alçou desde que aprendi
a masturbar meu imaginário.
Já não sei se vivo nesse mundo.
Olha que perigo,
um mundo com tantos carros.
Talvez de tanto não estar aqui,
um deles me atropele
ou me leve até você.