quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Tonta de vitamina D, sem você

O sol forte
tem a sorte
de lamber a minha pele.
Pois do outro lado da calçada
sentem calor também
os machos das cantadas.
E eu vou ficando sem querer,
um pouco bronzeada.
Ah, se não fosse esse
desenho de regata.
-E eu só queria te chamar
de sol.-
Perder as chaves,
é pior no retorno.
Mas sempre tem aquela janelinha aberta.
Cê sabe que eu sei, né?!
E eu as vezes até encontro na bolsa,
mas me finjo de mais ébria.
Gosto do aperto.
Meia noite e tanto,
já não sei se falo de casa, ou de ti.
Hoje eu tô no veneno
E ele não mata
Nem engorda
Nem faz nada
Nem te toca.
Vomito amanhã
Ou ainda nessa madrugada.
Desgraçada!
Não sei quem de nós.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

engole ou vomita

Diz que vai permanecer
as lingeries nas minhas gavetas
pois não tenho como ser pior.
E eu só com vinte e sete,
com um nervo quase novo
que se enrijece,
a subestimares romantizados,
vou guardando um já coalhado
leite morno pra tua sede.
Tu sabe que não quero ser a vilã,
mas já desvendei o nó dos teus novelos,
e sei o que é esperar tuas costuras
nua, no inverno.
Tem essa dureza da água,
aqui no meu mapa,
e eu tô guardando feito idoso,
esses teus porta-retratos quebrados,
que nunca guardam o meu rosto.
Não é vingança,
porque frio ou quente, não me apetece o paladar.
Chame do que quiser o que te sirvo no jantar.

Acendendo um na xepa do outro

Quantas voltas és capas de girar
antes de ficar tonto?
Quantos cigarros, e furadas,
antes dessa tosse de senhora amargurada?
Vinte e poucos km rodados.
Eu acho que é agora que vomito.
Tá vendo meu coração bem louco atrás dessa camisa?
"O Universo não seria tão desumano",
é isso que você diz pra servir de consolo?
Consolo esse que me serviu pra nada.
Mais uma furada.
Vamos listar?
Quantagésima nessa listinha aqui.
Número um na do medo.
Amanhã é o teste.
Seria irônico se eu pedisse que eu passe?
Juro que paro com os cigarros Universo,
me ouve?
Eu juro, juradinho.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Que morte lenta; é o fim do encanto

Enquanto caga de manhã, de porta aberta,
livre de todas as amarras da sociedade,
vai me falando:

-Namaste bonitinha, que lindo dia de sol, minha flor de maracujá.
E depois, do jeito estranho de Francisco.
Que Marcinha da venda, já tá de rolo com outro,
mas que o último era mais bonito.
Do fedor de trabalhador de obra do seu Kiko da portaria noturna,
que achas que ele é pedreiro de dia.

Diz que Deus abençoe essa gente pobre e sem decência.

Enrola um papel de folha tripla,
macio pro seu cu de gente rica,
em três voltas generosas, e limpa um freadinha
de merda dura, e ainda ri.

-Sujou nada!

Eu vou me enervando de ser sensível
à tua já tão manjada hipocrisia,
começo a cagar também no seu dia,
com meus silêncios maçantes.

No fim do dia já cansada,
dou beijinhos na sua adorada,
tu sente gratidão lambuzada.
e eu fico meio enojada.

Mas nunca sirvo pra Mártir...
Sei que exponho teu orgulho,
escondendo o meu tipo o Mário,
atrás do armário,
e sei que ele também já te fodeu,
em outros poemas.

Amanhã tá decidido, tô indo embora.

Pesadoras de rolê

·
Diz Criolo assim:

-"As pessoas não são más, elas só estão perdidas", cantando...

Exceto nós meu bem, nessas letrinhas

Só que eu me açoito a noite,
você gosta.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Des-figurado.

Sinto muito,
se sentes que sinto pouco,
o sem rumo pegou as rédeas e me levou pra campos distantes,
onde o pasto é mais calmo,
meu garanhão tem disparado,
e cada vez que olho pra trás só encontro a fumaça da sua chaminé.

Pouco encontro de ti entre lembranças e recortes de falas decoradas.
Noite passada te encontrei em sonhos,
sei que era você
apesar de que ali não possuía uma face, e sim milhares delas,
o sonho traz as lembranças mais remotas,
ou os desejos mais intensos...
Subjetivamente, queria eu então...
Que você possuísse o tanto exatos de caras que você demonstra ter?!

Se um um próximo sonho te trazer nas rebarbas dessas lembranças,
venha sem cara, e sem coragem.
Quanto mais real,
melhor.

Mas, esses teus horários

A eletricidade aqui acaba cedo,
venha enquanto é tempo.

Logo quanto o ombro tá dando bandeira
trepidando, dançando
pacto com o vento, sabe.

Eu peguei sol
mas é pra amanhã.

Aprendi a me guardar.

O conteúdo da garrafa
na sede de passado o dia de semana
também não dura quanto o vidro.

Eu tomei um litro de redução de danos
já tô pronta pra outra.

cativeiro

Fechou a porta
com estacas pesadas,
chaves mestras,
trancas, pregos.
Ali não se regressa, você falou.
E deu os passos duros...
Duro será no meio do caminho
lembrar que não levou as calcinhas,
deixou a escova de dentes na pia.
E eu lá dentro ri.
ignorando o capitalismo,
e a saudade que vai entrar
amanhã pela janela.
Mas agora eu ria,
compulsoriamente.

nem 1 A

E ela em fúriazinha
vermelha nas bochechas
pé esquerdo tremelicandinho.
Desceu até o final as letrinhas
Sem olhar minha carinha,
por nenhum versinho sequer.
Saiu gritando e esbravejando.
- Que você nunca mais escreva um "A" pra mim.
Picho os muros da quadra dela.
TE MO, TE MO, TE MO.
Sonhei que a gente se pegava
com todos os diálogos possíveis.
Mas não se pegava de fato.
Mesinha de boteco no meio.
Até parece essa estrada.

domingo, 13 de novembro de 2016

O estranho que pode ser até homem
pode ser extraterrestre
que deu azar de tentar se comunicar
justo comigo.

O estranho que vai se cansar
também.
Olha que nem tirei no tarô
mas já sei.

Não sei com que intenção vem.
Mas sempre sei dos retornos.

" olá estranho
você vem sempre aqui
ou você nunca saí?"

Eu vou falar pra ele tudo.
Vou contar até dos formatos,
mandar foto.
embalar cheiro, mandar pelo correio.

Ai ele vai partir, cheio de mim
tempo depois
dizendo que achou o que procurava
em alguém de menos bagagem.
Você sabe, de novo.

Sou eu que nunca acho nada.
Além de estranhos.
Gosto do lopping infinito
esse designar de repetições
mas não ação, não tanto da ação.

Você sabe como agi?
Daquele jeito de novo.
Mas ontem não teve vidro quebrado
quebrou só mais uns pedaços desse já tão goteirado
peito, inflado, inflamado, quase maldito.
nem foi notado de tão repetitiva reação.
Maldito coração.
Mas ai seria o filme com a Asia Argento.

Tudo é referência.

Tô saturada, saturada, me leve pro mato
e deixe lá.

Em lopping infinito

"You don't know me
Bet you'll never get to know me
You don't know me at all"

Se conhecer é pior que não...
A gente não tem desculpa no domingo
Porque sente culpa nenhuma.

Mas o mau é o mesmo.
Doí no grelo.

sábado, 12 de novembro de 2016

Quando no teu tabuleiro.

Vamos lá..
Me teste.

Me re-prove.
Me coloque no segundo plano.

Tenho propensões a fazer ser gostoso
Esse engano.


Não sou do jogo
Mas sempre fui da cachaça.

Que número tem que dar nos dados
Pra te beber no bico?

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

"Não tô triste, eu só estou cansada"

Eu não sei também o que fazer,
mas não podemos ser tão perdidos juntos.
Diz-o-ditado, que hoje em dia mal-se-diz,
que "sonho que se sonha junto é realidade"
Há quanto tempo tem tido esses pesadelos?
Eu faz uns meses,
a partir de quarta sempre se intensifica,
cansa também o corpo, a vida.
Eu também tenho olhado mais os pássaros,
não porque voam, sabe?!... porque estão.
Onde que eu tava mesmo?
Ah, sim... no perdido.
Chamo de João, o perdido que converso,
ele não fala, não assim com a boca
como nós só sabemos fazer
é como conversam as pessoas com o Universo
sem enxergar muito bem.
João me diz sempre pra olhar os pássaros.
Fico com meus olhos de João,
contemplando vezes pássaro,
vezes confusão.
Queria olhar um pouco só com o olho,
como fazem os que não sentem da visão.
Contemplar é pra bonito né?
Como a gente chama o olhar injetado pra coisa feia?
Eu não chamo, mas assim como os pássaros, estão.
Desculpe não manter a linha de raciocínio,
Já estamos na quarta.
Não sei se falo pra João que tô cansada dessas histórias
q´ele insiste em repetir...
Vai que ele se apessoou e leva pro pessoal.

mau grad(t)o

Então eu fiz assim
joguei os papéis todos no teu colo
os multi rasurados escritos em guardanapos
os palavrões,
os sussurros traduzidos nas linhas azuis dos cadernos brochurão Tilibra.
As palavras que eu mesma escrevi e já não conseguia ler.
Os bilhetinhos com desenho nas bordas.
Os brancos amassados que não sei por que não joguei fora.
Tudo no teu colo, horas e horas de mim,
alguns com remetente descrito, nunca remetidos,
mastigados até o fim na minha boca, vomitados ali,
e guardados cheirando no armário, a minha falta de coragem.
No teu colo esse eu de todas as cores de canetas,
todas as grossuras de letras, as finesas, os borrões.
E você que esbravejava o nunca me conhecer,
me chamou de acumuladora, me acusou de passageira, de remota,
certeira na tua fratura exposta, me romantizou ciúmes,
se disse puro e punido.
E nem uma vírgula foi lida,
antes de jogar tudo pro ar.
Teu colo é vão, guarda só falo e eco.
E eu que te li desde o começo,
só agora escrevo tua resenha curta:
livro ruim esse intitulado nunca mais.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

mergulho

Vou permitir que escorra,
pois está com muita lama,
e já não querem se multiplicar os peixes,
os já vivos perderem escamas,
e me cobram na sua língua...
(Ainda que me pareçam
apenas círculos na superfície
eu escuto quando mergulho.)
Vou permitir que escorra,
pois está com muito entulho,
e as plantas já não são tão verde água,
reclamam fragmentos de sol,
já não dançam sem correnteza,
e me cobram na sua língua...
(Ainda que me pareçam
apenas sombras na superfície
eu escuto quando mergulho.)
Todo ser humano que vive,
acumula lixo,
alguém me disse...
Me espantei no meu riacho.
Recolho tudo,
sem saber onde recicla.
Há de ter lugar...
Se não tiver, vira arte.
É da minha natureza
crer que tudo se transforma.