quarta-feira, 2 de novembro de 2016

mergulho

Vou permitir que escorra,
pois está com muita lama,
e já não querem se multiplicar os peixes,
os já vivos perderem escamas,
e me cobram na sua língua...
(Ainda que me pareçam
apenas círculos na superfície
eu escuto quando mergulho.)
Vou permitir que escorra,
pois está com muito entulho,
e as plantas já não são tão verde água,
reclamam fragmentos de sol,
já não dançam sem correnteza,
e me cobram na sua língua...
(Ainda que me pareçam
apenas sombras na superfície
eu escuto quando mergulho.)
Todo ser humano que vive,
acumula lixo,
alguém me disse...
Me espantei no meu riacho.
Recolho tudo,
sem saber onde recicla.
Há de ter lugar...
Se não tiver, vira arte.
É da minha natureza
crer que tudo se transforma.

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