sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Que morte lenta; é o fim do encanto

Enquanto caga de manhã, de porta aberta,
livre de todas as amarras da sociedade,
vai me falando:

-Namaste bonitinha, que lindo dia de sol, minha flor de maracujá.
E depois, do jeito estranho de Francisco.
Que Marcinha da venda, já tá de rolo com outro,
mas que o último era mais bonito.
Do fedor de trabalhador de obra do seu Kiko da portaria noturna,
que achas que ele é pedreiro de dia.

Diz que Deus abençoe essa gente pobre e sem decência.

Enrola um papel de folha tripla,
macio pro seu cu de gente rica,
em três voltas generosas, e limpa um freadinha
de merda dura, e ainda ri.

-Sujou nada!

Eu vou me enervando de ser sensível
à tua já tão manjada hipocrisia,
começo a cagar também no seu dia,
com meus silêncios maçantes.

No fim do dia já cansada,
dou beijinhos na sua adorada,
tu sente gratidão lambuzada.
e eu fico meio enojada.

Mas nunca sirvo pra Mártir...
Sei que exponho teu orgulho,
escondendo o meu tipo o Mário,
atrás do armário,
e sei que ele também já te fodeu,
em outros poemas.

Amanhã tá decidido, tô indo embora.

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