domingo, 29 de dezembro de 2013

calor.

No calor toda miragem é líquida.
No calor o tempo escorre pelos dedos.
No calor, amores de verão.
Pouco se come, mais se bebe das coisas.
No calor até os gelos se amornam,
pouca coisa se enamora no calor.

Proximidades me fazem suar.

Procuro janelas,
abertas.

domingo, 24 de novembro de 2013

Que se retenha o desequilíbrio,
pois me dá ânsias.
Dá me fatigantes pesares a remota alegria que não encontro no agora,
líquida e vãos dos dedos,
e sol muito sol que tudo seca.

E que tu compreenda no íntimo o meu silêncio,
que nada te condena,
nem a mim,
apenas se desculpa por não ser sempre assim,
desdobrada de risos, e as vezes contorcida de porquês?!
Ah as incógnitas mudaram,
daquelas pra essas,
essas são todas plurais.
Egoísta, essas horas que se afastam daquelas horas.
Eu não sei dar cordas no relógio pra que ele volte,
tu diz que isso não se faz.
O que a gente se faz?!
Faz de conta, e tá tudo bem,
só não hoje,
não hoje.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Esses ses..

Se for miragem o desfecho,
que falte o deserto sobre os nossos pés.
Que cesse a sede ainda na língua.
Que o sol se intimide, e nunca desça,
pra um beijo com o igual que me habita as entranhas.

Se for a queda que finda
que evite o ébrio desequilíbrio,
que se tropeça entre o riso e o risco.
Que seja insana de tão sã,
pra que se mantenham os começos,
como se imunes ao tempo.

E se for pra ser intenso como o que enamora meu paladar,
que seja de um doce que nunca provei,
que quase me afoga de água na boca,
servido em uma travessa,

que
se
estica
enquanto
se
come.

sábado, 13 de julho de 2013

02:53

São esses pensamentos noturnos de impossibilidade.
Essas músicas que te falam, és um grão de areia.
E outra que desdiz, cada um de nós é um universo.

São as proporções que parecem que tem um ácido nas retinas,
e logo não te cabem em lugar algum.

A vida de enormes pequenices.
Eu coube a cabeça no travesseiro, e todos os pensamentos brincaram de ciranda.
Tem uma parte minha que não dorme,
outra que desperta em canseiras.

De fato eu quero a grandiosidade de um sentimento,
e o que me chega abrangendo é sempre medo.

O pior chega antes, não sei que condução usa.

Passei dias febris, é, vejo como é tolo,
temer a morte por besteira e acende mais um cigarro.

Não sei qual o sentido de se martirizar,
e faço isso como quem sente sede e vai até a torneira.

Eu machuquei alguém, e felicitei outro alguém.
Criaram a moeda mas tudo ainda é a base de troca.

Estou trocando balbucios por certezas.
Mas a essa hora da noite, todos os mercados clandestinos estão fechados.

A gente brinca de esperar a semana que vem pra ser feliz.
Toda semana que vem é feita de hoje.
E hoje, eu não sei o que fazer de mim.

Sorte que logo é amanhã.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Acabei de passar..

Eu já fui toda de retornos,
one-trick-pony no salão.

Meu não pensado, soado, era um talvez.
Meu desvio de mãos gesticulando pressionares.
Agora eu sei ir,
mesmo ébria,
tamborilando e rindo.

Mesmo que o riso frenético queira um desdizer.
Só pra que não se perca o costume de ser,
aquela que não sabe.

Não,
hoje eu sei.

Quem vai pode até voltar,
antes de ir definitivo.

Quem quer ficar se ajeita no sofá,
pega um café... .

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Des-colorido meu.

Sinto que não tenho porte,
suporte, ou transporte,
pra ir tão longe quanto me queres,
ou manter o nosso acordo, de falar de ti apenas nos adornos,
diz-me, que não se pinta desenhos de apenas contornos.

Eu não sei da história da ( tua) arte,
só em partes,
mas penso aquarelas e pincéis no que queres preto no branco.

Um dia eu quis ser aquilo que te namora os olhos,
Mas pintou um clima além do portão,
e tu só o usas como escape.

Eu me adentro e invado casas,
e tu se mudas.
Fico muda, sigo o acordo.

Te gritar agora ofende meus vermelhos-escarlates,
meus verdes vivos,
meus rosas pinks.

Te chamar pra perto é gritar em cavernas,
só me retornam ecos.

domingo, 16 de junho de 2013

doce ilusão.

Eu estou perdida. Perdidamente apaixonada pelo não te ter. Eu gosto dessa confusão de te mirar ao longe. De ver tuas faíscas contornando as minhas próprias. Desenhar um chão de fogo que separa tua pele da minha. Eu gosto de te ter assim, não tendo. Fica aquele risco no ar, aquele risco que a gente corre a passos lentos. Teu desviar de assunto, depois de dizer que pensou em mergulhar em mim. Meu penetrar de assuntos dizendo que sou mar calmo, tendo tsunamis de interior. Eu estou perdida. Nos meus lençóis em manhãs e noites. Arranhando minha pele figurando tuas unhas. Contorço-me mais que lagartixa, falo besteiras em pensamento. Você sabe tanto quanto eu, que quereres assim não se findam. Nem aí, nem aqui.

terça-feira, 11 de junho de 2013

No dia que tua folha bateu em minha janela...

Quis eu, escrever uma rota sobre você, te andar pelos já pisados, só que aos meus passos... Te abrir caminhos, me molhar do orvalho. Quis eu, ser desbravadora de um deserto teu, te beber os Oasis, Te crer em miragens, me rir de tolices depois. Quis eu, ter mala leve pra viagem, me deixar absorta por tuas naturezas tão leve quanto densas. Te subir os morros, e te descer os abismos. Quis ser homem na tua imensidão, sem nunca te desmatar.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

E o tempo, João?

O tempo tá errado João! Aquele eternizar passou apenas para uma visita, brandiu um lenço sujo pelo tempo, e se foi. E o efêmero pediu pouso. Eu que nunca fui hospitaleira, que não tenho cobertas no armário, disse a ele: -Fica, então! Vive agora correndo pela casa. Brincando com os gatos. Até lava a louça da minha macarronada de letrinhas. E eu, João? E eu o que faço? Vivo de resquícios de um eterno que se foi, Ou ensino o efêmero a pisar manso? Como se doma o tempo, João? Como reivindicamos nós mesmos, de nós mesmos? Ai João! Não sei o que fazer de mim com visitas.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Exilio de cílios.

Teu olhar me alcança, escondida por trás das paredes da casa, no fundo do copo vermelho, nas vielas e becos que não temo e habito ébria. Teu olhar me corteja,e sem muito esforço me consegue. Teu olhar suando, colado ao interior das minhas pálpebras, fornicando com o consentimento da menina íris. Ela dilatada de contentamento. Meu restante estático. Teu olhar insolente dizendo coisas inaudíveis aos pueris olhos outros. Em um dialeto que sou fluente. Meu olhar tenta um assalto ao teu, ficou preso.

domingo, 2 de junho de 2013

Alegria nos ombros.

E começou aquela música, Ah, me abriu um sorriso, Atirei meus sapatos, Pois tem músicas que são assim, Te querem de pés livres, Sentir os passos, Tem pessoas que também, Tem músicas que remetem á pessoas Tem pessoas que parecem canções. Ai meus ombros estão tão felizes, Mexem, desviam. Fico esquiva querendo tocar tudo. As articulações se extinguem, Os problemas não existem, Existem canções, existe peito de tambor, Tem uma música que te materializa, A mesma que me dissolve.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Prostíbulo mental

Te moldo em pensamentos cheios de peles e poros.
Arrepiares.
Revivo cenas irremediáveis, transloucas e nada reais.
Sonhos nada pueris, nada vestidos.
Te penso em dentes, querida monstro.
Me penso triturada no céu da tua boca.
Mastiga meus suspiros antes mesmo de soltá-los.
Enaltece a garganta seca com meus líquidos.
Te escorro nos dedos, rio no teu coração em passeio.
Visita de médico no teu coração "SI!"
pois tremo em claustrofobia.
Estadia no teu corpo de imensidão.
Vamos ébrios um do outro tropeçando em camas.
Meu pensamento é uma zona, limpa.
Pago teu preço.

terça-feira, 7 de maio de 2013

tolice.

Você escreve pra mim, e eu não tenho caixa de correio.
Borrachas na porta de casa, freios.
Você pensa que tenho cataratas ou sou cega de nascença.
Tenho na verdade menina muda na retina.
Eu ando de vermelho e não temo touradas.
Touché.
Sou clichê.
Sofro de amor, e desejo que o mundo acabe. ...
Depois tudo muda. ...
Por outra qualquer.

domingo, 5 de maio de 2013

reversos da mariposa.

Tenho nostalgia de poesias não vividas. Insistência de colher flores de caminhos que não percorri. Eu munida de sentidos, desastrada da vida, vou perdendo todos pelos caminhos. Bagunço mentalmente lençóis que não me deitei. Meus rebordos são tolices, e não tem batom vermelho que abafe. Não tem pose que eu pare, que os pensamentos não estejam em movimento. Esse trem na minha cabeça só vai... O do coração tem retornos. Sou uma ambiguidade entristecida. Mente perspicaz e coração tolo.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

vômito efêmero.

Vou te contar tudo, mas não como quem conta o dinheiro, nem o tempo... Vou te contar como quem recita poemas, no bar. Vou te contar que estou me perdendo em copos, e em bocas que mal tocam a minha, embriagada. Eu sou um litro cheio, de coisas bem miseráveis, pra não dizer vazias, e ser obvia.... Tô saturando... De desejos plantados mas mal semeados, Pela tua falta de chuva, nos meus campos. Eu estou esbofeteada de nãos. tua negação é tão ridícula Quanto meu fogo vivo que sobe pelas coxas. Além de não me querer, quantas outras mentiras você se conta por dia?

domingo, 14 de abril de 2013

No teu telhado de vidro.

Me compara com um gato, gosto. Piso leve, te ronrono, te banho com língua. Mas tenho um peso impagável nas balanças do mundo. Tenho o olho do furacão por detrás das pálpebras. Possuo risos ressentidos e lágrimas de crocodilo. Eu sou uma quimera, você não quer entender de minhas mitologias. Você só quer os dias de sol da minha barriga. Você ignora que possuo tempestades, e uns navios que naufraguei por puro mártir, no meu interior. Você ignora minha humildade como a colega gorda da sala. Você é vil com o amor. E ele tolo, como sou, me largou faminta á porta da sua casa. Mio teu leite morno. Mas não sou o animal que você figurou. Sou das piores raças da terra, como você. Mas eu tenho sentimentos.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

balbucios de consultório

(...) São só rabiscos! Eu falei um tanto rubra... Escondendo com a mão esquerda, com uma vergonha imensa, de mostrar assim, que penso...De lembrar que sem escorrer os pensamento em palavras, para mim, sempre foi um coágulo. Morro de medo de morrer de câncer. Olha pra mim assim cheia de medos e vergonhas, deve pensar na tolice que é ser-me. Ou não olha, e disfarça, não faz eu perder o foco das minhas tolices, se é para não tentar compreende-la na cena posterior. Se quiser saber-me com afinco, aguente ouvir, guarde o coração para ler-me. Das vantagens da fala solta que me foi dada, ou como a falta de mudez apenas...Eu sou daquelas que quer sim, explicar o sol, sem saber do seu ardor...Porque se quiser ouvir, eu quero em dobro falar. Qualquer tolice corriqueira, como a sinusite do meu tio-avô de nome engraçado, que sempre que espirra, ri, me fazendo rir também...Vou querer falar do que me faz rir, porque na fala de voz estridente que possuo, é disso que gosta de falar. Tristezas eu guardo pros borrões das minhas letras, como a que comecei a escrever, quando teus olhos por tras da minha nuca, fez minha mão esquerda esconder. Sei que você esconde o gostar das tristezas, como quem esconde as roupas íntimas na gaveta. Se alguém revira ela dá uma vergonha assumir uma ceroula laranja fluorescente, né?.

sexta-feira, 8 de março de 2013

pág.23.querido.diário.Amélia.atual.

Ele vai comprar uma caixa de bom bom importados, que ela vai comer nos outros dias lamentando porque ele a trata assim. ( não, hoje não é esse dia) Não vai comer hoje porque ele hoje vai levar ela num restaurante francês da rua de baixo, aquele chique que ela sempre quis ir, e... ( claro que não porque ela postou na rede social que hoje era dia do homem levar ela num restaurante chique, não por isso, e sim porque ele é um amor) Ela vai por um vestido novo pra seduzir ele, ele vai tomar um banho. Ele vai abrir a porta do carro pra ela, ela vai derretendo len-ta-men-te pra dentro do restaurante. ( soy uña señorita de suerte) -Pode escolher o que quiser amor._ pausa_ olha o que eu achei, uma flor, pra outra flor. Ela não chora pra fazer a forte. jantar romântico, tilintar de copos__o trabalho dele anda bem agitado, ele não perguntou do meu dia, milhares de pensamentos, ele não reparou o vestido, que insensível, tenho que me dar valor, achar alguém que mastigue de boca fechada, eu vou é ficar calada, na minha idade não acho mais ninguém, ainda mais com esse pneu aqui do lado, tenho que fazer exercícios, não tenho tempo nem pra marcar a depilação, eu vi ele olhando pra menina da outra mesa, magra desgraçada, rata de academia, eu vou é segurar esse homem, não quero ficar pra tia, esqueci de tomar a pílula, lembrete mental-tomar quando chegar em casa, provavelmente hoje ele quer a coisa, afinal o restaurante foi caro, Deus me livre um filho agora.__ jantar romântico, tilintar de copos. Terminou o jantar, ela abre a porta do carro, o salto já tá machucando. -Vamos dormir na tua casa né amor? ( eu sabia que hoje ele queria) -Claro meu bem ( tomar a pílula). 15 minutos e ele dormindo do lado dela ( estaria estasiado?)) ele não perguntou do dia dela, mas teve a caixa de bom bom, que ela vou comer amanhã ou depois, jantar romântico. Ele disse que a amava. Ela não lembro o porque que hoje é considerado o dia da mulher, mas foi perfeito.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

mais um desabafo.

Gruda teu ouvido aqui no meu sussurrar, Essas coisas que vou falar me doem ao me ouvir plenamente. Sim a gente se mente. E depois não tem como se ignorar. Eu perdi o foco, me pareço um castelo de lego que se desmonta numa tarde de brincadeira de criança. Eu esqueço ás vezes que cresci. É bom isso, dizem aqueles “Peter Pans da positividade”. Crescer pra quê? Guarde a criança que vive em você. Por céus que clichê. De tanto me guardar não acompanhei nenhum dos meus sonhos. Eles foram se realizando pros outros, e eu a aplaudir. Palmas pra mim. Hoje eu quero me reencontrar, e já é talvez a décima quinta vez que eu quero isso em 23 anos. E agora eu só posso isso. Isso as vezes é mal definido, e ainda é tudo. Isso sou eu no dia vinte e sete, do mês do carnaval.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Arfando.

A minha boca de café manchada de juras de amor passados. A minha matutina carência querendo o novo, e de novo e de novo. Eu tenho me transpassado em fitas e contornos. A mão frenética perambulante de noite, agrado-me como agrada me as suas, de tarde. E aperta-me o peito, a falta, aperto as coxas e tremo. A minha mente de lençóis e sussurros, a minha fala de estridentes pensamentos e tatos. Eu tenho me saturado de demências calmas, e de silêncios gritantes. Tenho estado líquida secando ao sol, eu tenho um outro tipo de sol na barriga também. Eu me queimo sozinha, me descasco em ranhuras, e se quiser... Te bronzeio os anseios. Se quiser.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

P/ cigana, se existir.

Podia ser cigana, pelo jeito que dança descalça na calçada, ou na sala d’min’alma. Descasca minha calma, fico fragmentada de misticismos, deleita-se na minha cama. Deleito-me junto ou devaneio só?! Acho que és escorpiana, no sol,ou lua,ou a ascende, não sei, mas me acende, incidia alguma coisa incandescente como seus olhos que carregam os raios de todos os sóis. Saturada de loucura e quereres por ela sois. Lê minha mão, meus pensamentos mais dispersos, Sou o alvo desconexo pra seu feitiço ou oração. Esmeralda, ou Rubi, nome de pedra preciosa que nunca vi, mas que dizem meus devaneios ter se deleitado na minha cama de janeiros, e foi-se com a estação. Fico com resquícios de uma saudade que nem sei se é verdadeira, até, e então...

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

sobre sorrisos e gaiolas.

Querida, querida sem a falsidade da palavra querida, porque afugentou o amor, e não posso mais te chamar desse termo. Mas ainda és querida, não que lhe queira, nem eu, nem meu coração, mas ainda me agrada saber que existe no seu mundo, da mesma forma que eu deixei de existir. Querida, eu queria te falar ( mas dessa vez não vou dizer...”Que pela última vez”, porque cansei de me contradizer), queria te falar dos porquês de te abanar cada vez mais, de te querer bem, mas querer longe. Os motivos óbvios são escuros, não vou dizer claros, porque clara é a minha visão agora, clara é essa leveza, clara é dançar quando se quer e falar besteiras, sem se prender aquela pose que te agradava e que eu me via em farsas. ( até mesmo um pouco dura, reta demais) Outro motivo é o sorriso, aquele solto das pessoas e o teu preso, não gosto de nenhuma gaiola, e essa tua com diamantes ou rubis ( sequer recordo), não deixa nada mais bonito, continua a ser gaiola. Prisões de luxo, é isso que me cansa, que me cansou. Não estou fadada a viver de desgostos pro teu gosto. Querida, para, pisa no freio. Não mais te mando amor pelo correio, mas te deixo um conselho: Essa tua pressa de chegar onde quer que seja ( que eu nunca soube) tá te fazendo perder suas caronas pelo caminho ( sem que você sinta a perca) e não te permite ver a paisagem. Existem paisagens que ficam mais lindas ainda se a gente sorri. Ps: Aliás, fica bem, querida.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Um devaneio chamado paz.

Uma paz ou um vazio. mas, um oco que sorri. Vai ver eu tô aprumando a pluma das asas pra quando planar elas não soltem por falta de uso. Um vazio ou uma sobrecarga? Se sobrecarga... Ainda que pesada está bem acomodada. Arrumada como gaveta: passado-no-passado presente-no-presente futuro-daqui-pra-frente. Acho que são coisas indescritíveis... Sou eu tentando explicar plenitudes da alma, momentos que transcedem o que considero TUDO... Que dessarumam as gavetas nos obrigando que as reorganize. Fiz faxina e fui voar. Mando um beijo nas crianças.

domingo, 13 de janeiro de 2013

sem que me escondesse, sem subterfúgios, nem fugas; mas que fosse encontrada por um alguém, que outrora já se encontrou. esses planos de abrir caminhos de mãos dadas, muitas vezes fecha estradas, viagens curtas. sem que procurasse, simplesmente aparecesse, num brilho fluorescente, ou em qualquer fosco; mas que ainda que fosse daquela cor, pintasse arco-íris ao redor. sem ressentimentos passados, que dessa vez fosse certo, que até a solidão tirasse férias. sem que fosse amor, mas que fosse tão bonito que as pessoas da rua pensassem que fosse isso. porque é só falar em amor que já começa a doer. que fosse qualquer coisa que saltita. que fosse criança no verão. mas que fosse.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

ainda..intitulado.

Ecoa a voz dela na minha cabeça. Um pouco rouca, entre um real absoluto e um sarcasmo um tanto dúbio. Uma voz que pudera eu esquecer por um segundo o tom exato. Guardo sempre a mesma frase: -Você sabe o que vai acontecer meu bem. Guardo sempre aquele riso dela também. Mas sobre a frase...Eu sabia! E desconversava e ria disso antes, por saber o que ia acontecer e não suportar saber, ou foi por ela, pra lhe fingir uma esperança de que uma mudança repentina cairia como chuva pra essa terra seca que rodeavam nossos dias. Eu precisava demonstrar que acreditaria nisso, pra que talvez ela viesse a acreditar... _____________________________________________________________________________ Dizem que amor é uma coisa eterna, eu digo que o tempo é a única coisa eterna, e o amor pode ser o que distraia melhor essa suposta eternidade, ocupando tanto a cabeça quanto todo o corpo, e nos empurrando lentamente para o limbus da insanidade. Mas sim, ocupei boa parte da minha suposta eternidade com essa distração, amei quase uma vida inteira. Eu relutei muito até admitir que essa fosse mais uma história de amor, barganhei ela do meu próprio esquecimento. É uma história minha que não dói mais, embora eu também não possa contá-la mostrando os dentes o tempo todo. Acho mais justo apresentar ela primeiro, a outra pessoa, o outro lado do meu mundo inteiro, ainda que o de cá também tivesse vestígios, fios de cabelo, restos de perfume na cabeceira. Seu nome de bruxa, de novela, Helena... Que me fez ter cavalos de troia no interior, a guerra, e coração galopante. Helena com pele de paz, e lutas nas entranhas. Cabelos ondulados, sempre de lado, como ela também andava um pouco de lado, sem nunca se postar diretamente sobre coisa alguma, mas era isso que me chamava atenção, essa desenvoltura dela, era como se ela flutuasse sobre qualquer coisa que não lhe dissesse a respeito, mas mergulhasse profundamente nela mesma. Helena tinha um problema quando ficava triste, e eu consegui diversas vezes fazer ela sorrir, por essa razão pensei ser a cura. Hoje indico que ninguém nunca pense essas tolices. ______________________________________________________________________________ Só eu sei como gosto dessas chuvas de verão, mas ainda que eu adorasse ver na fotografia do céu as nuvens se fechando, meus olhos já tamborilavam por toda a rua pensando se daria tempo de parar embaixo do toldo do cinema antes que os obesos pingos começassem a cair. Deu o tempo exato. (Naqueles dias, ainda que eu fugisse da matemática das horas, muitas coisas vinham sendo exatas... Minhas palavras para conseguir as coisas, as respostas das pessoas, alguns olhares, e o tempo. Vinha tudo dando certo, eu mostrava meus dentes um pouco tortos por qualquer motivo, era o que alguns amigos chamavam de “boas vibrações” . Eu acredito que o verão sempre me despertava isso, esse ar de felicidade, de vida... Não que as outras estações me proporcionassem um inverso, não! Mas o verão sempre me seduziu). Embaixo do toldo do cinema, fiquei um pouco decepcionada ao descobrir que o próximo filme só começaria dentro de uma hora, mas o título valia a pena esperar, já havia assistido( Quem tem medo de Virginia Woolf?)... Uma vez antes, mas para um cinema alternativo de fim de tarde, acho que nada mais perfeito. Acendi um cigarro e fiquei olhando a chuva linda, as pessoas correndo. Tive que fechar o zíper do casaco, nessa cidade qualquer chuva significa um ar frio, ainda que no verão. Estava totalmente absolvida por algum pensamento que não sei dizer agora qual era... Quando como se de um sobressalto eu acordasse de um sonho, em outro... Em meio a tanta gente que corria, vinha aquela garota, dos cabelos ruivos, longos, com um vestido azul com flores brancas, tão encharcados quanto seus cabelos, e ela andava... Entendi que pelo tanto que estava molhada, nem adiantava mais correr mesmo. Eu tentei desviar o olhar, mas ela parecia uma espécie de anjo, aqueles cabelos uma espécie de sol, e o arco-íris dessa ciência da natureza, se fazia na minha barriga. Confesso que me senti tão tola, lá sobre o toldo, completamente seca, confortável. Ela me viu olhar, eu desviei, quando olhei de novo ela continuava me olhando da mesma forma, eu desviei novamente, quando olhei de novo ela continuava igual, porém mais próxima, eu engasguei com a fumaça do cigarro e decidi não olhar mais. Quando olhei de novo ela tinha desaparecido. Ouvi uma voz um pouco rouca, do lado ao contrário de onde ela ( a talvez miragem) vinha ( voz de Courtney Love), me pediu um cigarro, expondo uma carteira de Malboro completamente encharcada, e um como quem paga por ele me deu um sorriso lindo. ( nessa hora eu me agradeci de estar seca, sobre o toldo, fumando um cigarro). Após acender o cigarro, e dar uma baforada á todo pulmão, olhando o outro lado da rua, como se eu não existisse mais ali, ela vira pra mim e fala: -Sou Helena, e não tenho medo de Virgínia Woolf. E eu sou a Clara, e tenho! (...)

domingo, 6 de janeiro de 2013

domingo.

Não to fugindo de nada, nem fingindo, nem crendo. Eu só estou aqui e nos arredores, sentei num canto desse círculo, e não estou ( nem me permito mais estar) ansiosa por algo que vá dar uma sacudida na minha vida. Essa minha vida é salão de festa e o bailarino, faz seus próprios passos e rende ( algumas vezes) aplausos aleatórios. O fato é que já tenho discernimento pra distinguir o que me faz bem, e o mal que me deixo assolar, e tem me feito bem, essa pessoa, essa fase, esse amigo aquela frase que eu conheci... O que eu teimo em querer explicar, apesar de eu achar que coisas assim não deviam ser explicadas, pois tem algumas mangas que já dobram de tantos panos....mas o que eu teimo em explicar, é que minha felicidade de agora é uma somatória de muitas coisas, e não desejo que atinja o olho de alguém, se tá faiscando, afaste-se. Eu decidi escrever esse texto só pra lembrar á mim mesma, que os domingos são sempre um pouco tediosos, escrevi pra que esse domingo não me engula, e nem tente arrancar esse sorriso. Nem o domingo, nem você.