sábado, 4 de novembro de 2017

Inquilinas

Duas pessoas habitam meu cerne
duas mulheres, com malas abarrotadas por serem.
Uma delas está terrivelmente assustada, quer chá e sono, fechar os olhos.
A outra tá armada até os dentes, seu sorriso também luta, quer visão de bicho noturno.
Duas gêmeas siamesas atadas pelas mãos.
Nada tocam sozinhas.
Eu emudeço quando elas discutem dentro de mim, quero fechar as janelas, pra quem me avizinha não ouça.
As vezes não dá tempo, ambas querem muito ar circulando.
E eu, casa frágil dessas mulheres, tento protege-las das tempestades.
Tenho goteiras, sei que preciso de algumas reformas.
Quando elas dormem depois, tiro proveito do sol que me seca.

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