sábado, 4 de novembro de 2017

Despertei com o barulho da tempestade,
lá fora também chovia,
gotas robustas que se deitam nos fios dos postes
nos telhados de barro da vizinha,
no peito que ressonava, e pela estrada de chão da rua de baixo.
A mesma chuva que lava, formava o barro,
que pisou um senhor trôpego ainda as sete da manhã,
e seu caminhar parecia uma conversa cheia de pontos e vírgulas,e bem no dobrar da esquina, caiu na valeta.
Aqui janela adentro, também na esquina da garganta,
caiu na valeta a palavra que embebedou-se a noite toda.
Tento entender o uivar dos boêmios depois de tanta lua cheia.
Mas assim, na valeta viscosa das tempestades, toda fala parece coaxar.
_
Aprendi a conversar com os sapos que já engoli.

Um comentário:

  1. Chega ser engraçado que retorno a esse blog e o ultimo poema fale sobre chuva.
    Espero que nunca tenha parado de escrever nem de desenhar, menina.
    E que retornes. Afinal, este canto é seu demais, para ser esquecido.

    ResponderExcluir