sexta-feira, 15 de julho de 2011

Para minha pobre Maria, e Luna e Lorenzo.

O dinheiro acabou, ainda no começo do mês Maria, mas tudo bem a gente tem os malabares no sinal, e as camisetas cheias de cores e ideologias que a gente pinta-e-vende por trocados, mas que salva o pão e o vinho, e não rezamos.
O dinheiro acabou, mas agente não vende a alma, nem a mãe, a gente estica a nota, compra o café mais fraco, compra no outro mercado, aquele que caminha se mais.
– me vê aquele vinho de dois reais... A gente dá um jeito.
Prometemos que se sorríssemos e trocasse carícias de manhã a gente estava bem. Ai eu riu do seu pão seco com café, mesmo com aquela larica, e você ri do meu dedo que foge da meia, e a gente se abraça, rindo a beça de o quanto nós nos tornamos cordiais com a situação que nos metemos, apenas pra estar livres, tua asa atada a minha, e meu riso que termina no canto da tua boca.
De noite é frio de matar aqui, ai a gente faz fogo, e chamamos os amigos, um trás o violão, outro o bolo da mãe, os vinhos dão-se cria, e a gente se vê assim, tão anfitriões desse nada lindo. A casa cheia, os gatos (Luna e Lorenzo) aninhados nos colos dos amigos, como se eles apadrinhassem nossos únicos filhos, e toda essa sincronia fez minha Maria dançar no meio da sala, embebedada de vinho, uma meia de cada, toda linda com os cabelos soltos.
O dinheiro acabou, ainda no começo do mês, mas ontem Maria dançou na sala, atando cada vez mais meu coração na nossa liberdade, e assim enriquecendo nossa pobreza.

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