quarta-feira, 13 de julho de 2011

Devaneio sobre sofás,pássaros, pessoas e repetições.

Eu tenho um sofá vermelho. Na verdade a minha mãe tem um sofá que era florido e meu gato arranhou todo ele ai ela colocou uma capa vermelha e ele virou um sofá vermelho.
Mas como eu falava, na minha casa tem um sofá vermelho, e eu sempre quis ter um sofá vermelho, e depois conheci muita gente que queria ter um sofá vermelho, e foi pensando no sofá vermelho, este que passei essa manhã toda sentada, que eu deixei vir á tona algumas realidades da vida, da minha vida.
Nada aqui me pertence, exceto as roupas, e algumas ainda são emprestadas. E logo que eu também não pertenço a esse lugar.
Minha mãe falou na minha infância inteira, coisas bonitas sobre “quando você crescer, quero te ver voando como o mais feliz dos pássaros”. A idéia de eu sair por aí “voando” me alegrava tanto, que eu não dei vazão ao pensamento de que essa espécie de pássaro-humano que eu poderia vir a me tornar, era na verdade um “pássaro” sem bando. Não pensava que ia ter que planar e explanar tantas vezes na mais obscura das solidões.
Nessa manhã no sofá vermelho, eu me peguei fazendo novos planos de “vôo”, e guardei-os com todo cuidado na esperança, para realizá-los como quem caminha sem pressa...Quem passeia.
Dessa vez vou deixar bem claro para mim as possíveis dores de um “vôo” para que eu não volte aterrorizada ao “ninho”.
Nessa manhã no sofá vermelho, eu me vi tirando gente da minha vida, tirando elas do assento confortável do meu futuro sofá vermelho, talvez para sempre, e dando posição pra aqueles que já estavam ali no chão há tanto tempo esperando um lugar melhor. A intenção nunca foi ter que tirar um para por outro... Mas alguns na verdade já saíram sem eu ver, e deixaram aquele lugar vago... Ainda com o cheiro deles, mas vago. Outros vandalizaram tanto o assento que estavam do meu futuro sofá, que tive que retirá-los antes mesmo de tê-lo.
Como eu falei, conheci diversas pessoas que queriam ter um sofá vermelho, e eu tenho um falso sofá vermelho, que não é meu. Mas hoje eu sei, que ele não é meu, e que tenho que ir voando como quem passeia, até poder esparramar me no meu autêntico sofá vermelho... E talvez fazer um chá pra quem aqui ficar... Até lá.

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