sábado, 16 de julho de 2011

De nós bichos...ou nossa extinção.

Eu sei que é o mínimo que pode fazer, fixar a mira no meio dos meus dois olhos e tentar me ferir, eu sei da sua mira, e sei porque não o faz.
Eu sei que minha atenção não te é mais artigo de luxo, mas ao mesmo tempo te é pão de cada dia... Eu sei que me rodeia de armadilhas pra ver qual eu serei mais tola de cair, porque o tempo te apagou a lembrança de qual que caio fácil... Aí tu monta várias delas e fica na espreita. Eu sei que me quer empalhada na sala da tua casa porque um dia mordi tua mão, mas não, não te temo.
Sou bicho do mato nessa cidade de pedra que a gente habita se desviando, e na infeliz coincidência, sempre se encontrando. Sou tua caça de ouro, e mal te sei caçadora, porque meu olho de felino ainda vê no teu olho de lebre aquele medo, mesmo eu não querendo mais te morder, mesmo eu não mais te querendo pra nada.
Um dia pensei que se meus dentes cravassem fundo a sua pele, e um deles ali ficasse grudado, você faria dele um colar, um amuleto... Como eu fiz de teus conselhos que muitas vezes me rasgavam a alma. Mas hoje a dor que nos fortalecia ontem, nos enfraqueceu, ao ponto de o meio dos meus olhos te ser um alvo, e o teu par de olhos me ser um desvio corriqueiro.
A gente se entregou a nada nessa selva que cada dia que passa se extingue mais, apenas por um capricho. Por um marcar território.
E eu que não sei mais se tu é bicho ou humano, mas me auto afugento pra toca, porque essa arma que me aponta na calada da noite me faz rir, mas esse medo no teu olho me aterroriza.

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