segunda-feira, 24 de julho de 2017

trem fantasma

Te digo adeus sem lenço da janela de um trem.
Vou firme como quem sabe a estação onde parar,
como quem já tem pouso certo, nesse novo lugar que se vai,
depois de um adeus frio.

Te digo adeus sem carta, sem rosa vermelha na tua cama, sem festa de despedida,
nem lágrimas, só um abraço que tu pediu, e eu cedi,
como se meus braços não tivessem nunca te enlaçado.
Sempre te digo adeus como quem guarda todos os mapas,
como quem tá decidida, mulher que não olha pra trás,
como se estivesse certa do que fiz..

Até ando com postura depois, para se por acaso tu me observar indo,
como quem fica as vezes faz.
E é sempre depois de um tempo que reparo que meu trem nunca partiu,
que tu nunca me fitou de janela alguma,
que tu acha caminho antes mesmo que minha condução firme de aços e trilhos, ande.
Talvez se eu tivesse te convidado pra mais um passeio,
ao invés de me sentar sozinha num vagão de um trem enferrujado.
Eu sempre erro de conduta, ou condução.

Ontem esqueci teu cheiro,
nem assim o trem andou.

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