segunda-feira, 24 de julho de 2017

espírito

Desci nesse mundo de planos e expiações,
todos os dias defendendo o óbvio frágil,
porque o óbvio é transluzente
e muitos não o enxergam sobre sol algum.
Desci e tem vezes que sinto raiva no meio do amor que tento plantar,
sem conhecer perfeitamente as sementes,
ainda que as carregue nas mãos.
Carrego nas mãos o amor que me veio sem comprar,
sementes que enrijeceram para plantio, conforme eu abria os olhos,
essas que procuram solo, que procuram água, que procuram imensidão.
Eu erro, sim, porque o caminho da regeneração não é perfeito,
porque minha alma não é perfeita,
porque perfeição foi talhada na distopia,
e eu não desci aqui em vão.
Desci, e sei que plantar amor é lutar contra seu contrário,
umedecer vezes com lágrimas, as terras secas.
Todos os dias me é provação, o amor, nunca me foi fácil,
jogo suas sementes à esmo, depois saio catando.
Eu nunca fui fácil para o amor.
_
Por isso não te mando só focos de luz,
te mando também indagações.
Pois o amor antes de qualquer resposta
pode ser uma pergunta que nos fazemos.
Eu me pergunto todos os dias sobre o mesmo sol.
Existe mesmo alma, amor...
Ou essa carne é tudo que somos?
Sem resposta ainda, planto sementes.
_
Algo há de brotar (...)

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