terça-feira, 3 de janeiro de 2017

vou fazer cena

E eu viajaria no dia seguinte bem cedo,
uma dorzinha enrolada na toalha estocada dentro da mala, pesando mais a indecisão da lua em libra,
que nunca sabe o que vestir em certas noites.
E de manhã bem cedo eu sentaria a espera do ônibus, pensando que viraria, novamente,
dois copos e um ano com o peito ventilado de tão vazio.
E de manhã bem cedo tu apareceria de pijamas, cabelos desgrenhados á minha procura por entre carrinhos,
crianças e abraços.
E quando me encontrasse, desaceleraria o passo, ficaria meio mole, rindo besta, olho brilhando.
E me apertaria forte, tão forte, que eu te engolfaria pro meu antes-vazio, que já te esperava.
A mala alivia na mão, começa aquela música, a dor foge pelos arbustos laterais da estação.
E eu sorriria por todo o caminho de ida e por todo o retorno.
- Terá amor! Eu gritaria pelas estradas.
- Terá amor!
_
Eu devia ter feito cinema,
de tão clichê.

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