quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Tava no ônibus hoje, como todos os dias naquele horário,
e vi passar lá longe na rua, uma senhora que era eu.
Parece confuso, eu sei... Também achei quando vi.
Ela tinha a mesma corcunda que eu tenho agora, mas mais acentuada, o cabelo fino e branquinho,
de lado o cabelo, e ela também andava meio de lado,
mas com um semblante reto, na rua transversal.
Eu agradeci quem organiza as sinaleiras, ela fechou,
me deixou ser vista por mim.
Tive certeza que era eu, porque ela me deu a coordenada visual da primeira andorinha que a gente viu esse ano.
A gente riu, a gente gosta ainda....
Não sei quantos anos a gente tinha lá fora do ônibus.
Tenho certeza que nem ela sabia, sendo que hoje já me confundo...
Parto pros dedos, e conto causos estranhos que não lembro o final.
Ela carregava uma bolsa, e queria eu saber o que eu carregava ainda, já naquela idade, que não sabíamos qual era.
Ela tava indo encontrar o amor, mas não sei onde ela ia.
Sei porque ainda que fosse o final, eu iria.

(De "manhã-cedo", eu, minha velha e a andorinha

Nenhum comentário:

Postar um comentário