segunda-feira, 27 de junho de 2016

Mas as cavernas não morrem

Morre tu, mulher.
Tuas curvas morrem, morre teu ventre,
Morrem os seios que alguns homens morreram de amores,
que tu escondeu porque o desejo usava adjetivar-se de amor.
Morre tua vagina, que por tê-la tantas vezes, quiseram te ditar alguns afazeres, que por tê-la tantas e tantas vezes pensaram que sabiam de ti.
Morre teus pés, e morre também quem tu deu a mão.
Morre quem te ofendeu, mulher, por ser o que és.
Morre contigo o perdão.
Morre tua boca, e morre ainda na garganta a voz, mas não morre a canção.
Morre os cabelos mais lentamente que a carne.
Nunca morre o pensamento.

Morro eu, um dia que nem quero ver.
Não morre minha palavra,
ainda que morra seu ouvido.

A liberdade ecoa,
ainda que morram as cavernas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário