quinta-feira, 13 de abril de 2017

Não sei em que verso de qual poema medíocre,
enfeitado de ego osso de poeta exposto,
deixei teu sorriso padecer de normalidade,
momentos especiais se desmantelarem em casualidade.
Pois permitimos que amornasse todo fogo brando,
e retiramos por despeito aquele apito de fervura
que anunciava e antecedia nossos cafés coloniais,
de mesa cheia de nozes, bolos salgados e nós.
Não sei que desenho te contornei,
sem jogar tinta alguma depois,
e tu ficou em preto e branco rabiscada,
misturada nos desenhos que eu já nem gostava tanto,
guardada naquele armário revirado,
que uma vez era nosso, e hoje é tão meu
que parece espelho e não armário,
mas quase nem reflete nada.
Não sei em quem pensar na madrugada...
Mas não posso que seja em você,
assim, só por falta de sono...
É de um tremendo desrespeito com a história que bordamos,
espetando tanto os dedos, nas agulhas finas do tempo.
Não sei como nasce um poema, nem um amor com destinatário.
Não sei se rasga placenta, terra, ou casca de ovo.
Sei que emudece, muda e morre, sem alimento.
Contei-lhe todos os ossos na despedida.

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