segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Tangerine


Não adianta eu insistir nessa eterna procura, daquilo que já encontrei, nada adianta eu insistir em achar em outros trejeitos a pose que tu para.
Ninguém entenderá da astrologia de meus atos, posso explicar toda a posição dos planetas a todos esses outros planetas que eu tento habitar, mas não, só você entende essa juncão, leão e escorpião, e te pareçe triste como á mim, nossos limites bem traçados, e a gente tentando atravessar ele a todo custo.
Não, não te peço que retorne, embora eu te peça todos os dias antes de dormir, no silencio extremo que só o pensamento pode selar. Você vem das trevas, ou do paraíso que se estabeleceu apenas pra me tirar das confusões que me meti, pra limpar um pouco a minha imagem, e eu vou com você reclamando muito, como se purificar-se fosse das tarefas da vida a mais tediosa, e é.
Vivemos e vingamos nosso tédio, há quantos anos mesmo? Há quantos anos nos encontramos e insistimos em se perder, apenas pra continuar a busca, e ser mais dificil depois? Há quantos anos tú brilha em mim como sombra, e eu brilho em ti como fosco. Sempre tentando se disfarçar, ser icognita uma pra outra, quando na verdade pouco nos surpreende, pra não dizer nada, e acabar outra vez com essa farsa?
Uma farsa, é o que somos? Ou a mais extrema realidade que fugimos? Fugitivas uma da outra, entrelacadas como se serpentes que se amam. Enos amamos? Nos amamos sim.
É por isso que essa manhã vou fugir, pra qualquer lugar longe o suficiente de tudo o que procuro, e perto o suficiente de tudo que encontro. Não me espere, mas me espere sim, todos os dias.
Hoje prefiro a verdade cintilante do encontro, que a mentira eterna dessa busca.
Me reencontre em Montauk.

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