terça-feira, 25 de outubro de 2011

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Victor tomou como insistência, pensar que depois de tudo ainda pode me falar das coisas, ou que tem muitas coisas para me falar ainda, ele insiste em santificar uma afeição morta, e eu também, por dentro, envergonhada disso.
(Victor nunca saberá.)
Dois necromantes de sentimentos que somos, evocando aquilo que já está fecundando em outro plano, apenas porque um dia foi belo, um dia foi bom, uns dias nos completou como almoço de domingo.
(Victor não saberia, pois almoça sozinho.)
Evito pensar o quanto isso faz mal, como o moinho evita a água que passou. Evito pensar que posso lhe falar coisas, evito pensar nas tantas que ele precisava ouvir, e que talvez o fizessem crescer ou sucumbir.
Pois eu venho sucumbindo, quando ele fala das cores dos pássaros naquele verão, da cor que tinha o cheiro que eu emanava. Eu venho sucumbindo quando Victor se ilude me iludindo.
Victor querido, não volta a ser algo, o que virou nada.

(Victor nunca acredita em mim.)

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